Ronaldinho Gaúcho deu chapéu, caneta, foi  campeão, fez gol de bicicleta, foi o melhor do mundo, olhou para um lado e  tocou para o outro... Enfim, fez mágica com a bola nos pés. 
                     
                    Robinho deu show com a camisa do Santos e  teve seus grandes momentos no Real Madrid. Como um verdadeiro peladeiro,  correu, pedalou, ciscou pra cá e pra lá e até recebeu aplausos do torcedor  adversário. 
                     
                    Ambos não passam por um bom momento dentro  das quatro linhas e por suas atitudes em campo e fora dele são criticados a  torto e a direito pela mídia especializada. As críticas futebolísticas são  válidas. Mas e as outras? 
                     
                    Os dois atacantes são notadamente acima da  média com a bola nos pés. Ronaldinho já provou, com resultados, seu brilho, mas  hoje está apagado. Robinho não atingiu o ápice, mas deixou um gostinho de quero  mais em todo torcedor que se preze. 
                     
                    Talvez, para eles, fazer dois ou três  contratos milionários, garantir a boa qualidade de vida da próxima geração de  suas famílias e ter a casa, o carro e mulher que eles queiram já basta. E será  que eles não têm esse direito? 
                     
                    Explico as exacerbadas críticas que  extrapolam o gramado: confundimos desapontamento com raiva, frustração com  irritação.  
                     
                    Sabemos a capacidade dessas caras e não  conseguimos compreender o motivo da “desistência”. Somos egoístas.  Talvez por nossa paixão pelo Esporte Bretão. 
                     
                    Quem disse que o melhor jornalista do mundo  tem de trabalhar na CNN? Quem disse que o melhor astronauta tem de estar na  NASA? Quem disse que o melhor professor do planeta tem de lecionar em Harvard?  E quem disse que todos sempre têm de dar o seu máximo? 
                     
É nítido o comprometimento de Kaká com o  futebol. Mas se ele resolver parar, ou apenas tirar o pé do acelerador  (continuando a cumprir suas obrigações, é claro), não temos o direito de  criticá-lo. Mesmo achando, ou até mesmo tendo certeza, de que ele ainda pode  contribuir com o futebol do Brasil e do mundo. 
                     
                    Será que se o fenômeno Susan Boyle, com seu  impressionante vozeirão, decidir não dar sequência à carreira artística e  voltar à sua pacata vida na escocesa Blackburn, “desceremos o  sarrafo” nela como em Robinho e Ronaldinho Gaúcho? 
                     
                    A escolha, meus caros, é única e exclusivamente  do craque, seja ele da bola ou de qualquer outra área. E devemos respeitá-los. 
              
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