Ainda não consegui entender o melindre do presidente Andrés Sanches com a   diretoria do São Paulo em relação aos 10% de ingressos disponibilizados para a   torcida do Corinthians no clássico contra o Tricolor.  
              
             Confesso que acho   muito mais legal para o espetáculo as arquibancadas divididas, meio a meio, mas   entendam que nas circunstancias atuais, o estádio do Morumbi não tem mais   condições para isso. Explico. 
              
             As arquibancadas, por exemplo, são   divididas em quatro “gomos”: azul, laranja, vermelho e amarelo. No “clássico   dividido”, o São Paulo ficava com as arquibancadas azul e laranja, e o   Corinthians com a vermelha e a amarela. 
              
             Os setores amarelo e vermelho   eram destinados aos visitantes, mas hoje comportam o famoso “setor Visa”,   organizado pela empresa de cartões de crédito e que dá conforto e novas   possibilidades ao torcedor do São Paulo (como a compra de um lugar com o seu   nome marcado na cadeira para todas as partidas do Tricolor no ano). 
              
             A   azul (cinza na imagem acima) sempre foi ocupada pela torcida do São Paulo, já   que está bem de frente para as câmeras das cabinas de transmissão. A alternativa   que sobra é utilizar parte da laranja ("visitantes" na imagem acima), reduto da   Independente, maior torcida organizada da equipe do Morumbi, para abrigar os 10%   da torcida adversária, seja ela do Corinthians, do Palmeiras, do Flamengo ou do   Real Madrid. 
              
             Exatamente por isso, respeito e entendo a atitude do   presidente Juvenal Juvêncio, amparada pelo tão famoso e pouco utilizado Estatuto   do Torcedor. Mas os cardeais alvinegros pouco se importam se o São Paulo está   “dentro da lei” e ainda prometem “retaliação” (?!?!).  
              
             Quer dizer que   agora futebol virou mesmo guerra? Porque a palavra “retaliação” me remete aos   famosos discursos dos comandantes mundiais prometendo resposta aos ataques   inimigos. 
              
             Só espero que essa tal “guerra” (de egos) não chegue nas ruas   ou nas arquibancadas, sejam elas ocupadas por 10, 30, 50 ou 100% dos torcedores   adversários. 
              
              
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