| 
            O cheiro na Vila Belmiro  neste sábado foi de peixe frito. E a responsável   pela fritura foi a própria torcida do Santos, insatisfeita com o empate por 1 a   1 com o São Bernardo pelo Campeonato Paulista. No cardápio, a cabeça de Adilson   Batista. 
           Se a intenção do técnico era conseguir acertar um grande jogo e  trazer a   torcida de volta ao seu lado, pode-se dizer que a receita deu errado. O tropeço   fez ferver ainda mais o caldeirão da Vila, e o treinador dificilmente terá   tranquilidade para o confronto com o Cerro Porteño-PAR na quarta que vem, pela   Taça Libertadores. 
           Depois de abrir o placar com Elano, cobrando pênalti sofrido por Neymar, a   equipe se perdeu e cedeu o empate na etapa final, gol de Raul. Foi o terceiro   jogo sem vitória e a senha para a torcida vaiar e xingar Adilson de "burro". Um   tropeço contra o time paraguaio poderá tornar sua situação insustentável. 
           Com o resultado, o Santos foi a 19 pontos. Está em quarto lugar, mas corre o   risco de ser ultrapassado neste domingo. Já o São Bernardo, com nove pontos,   está em 15º. 
           Neymar resolve em um lance 
            
           Os sete primeiros minutos de jogo foram disputados num ritmo muito acelerado.   O Santos começou com apetite. Veloz, envolvente, como há algum tempo não se via.   O técnico Adilson Batista colocou em campo o time que a torcida vinha cobrando,   com Felipe Anderson armando as jogadas para Neymar e Zé Eduardo. Logo no   primeiro minuto, Neymar entrou driblando pela direita e chutou. O goleiro   Marcelo Pitol espalmou e a bola ainda bateu na trave antes de ser chutada para   fora. Aos três, Elano, de falta, obrigou Pitol a fazer outra boa defesa. 
           Aos poucos, porém, o São Bernardo foi controlando o ímpeto santista. Com a   marcação mais adiantada, o time do ABC passou a sufocar as saídas de bola do   Peixe. Elano, que inicia todas as jogadas da equipe alvinegra, passou a ter   dificuldades para acertar o passe, tamanho o número de jogadores de amarelo à   sua volta. Felipe Anderson se posicionava mais adiantado, encostando nos   atacantes. Criou-se, então, um espaço no meio todo ocupado pelo Bernô. 
           Neymar travava duelo com Amarildo. Tentava o drible, penteava a bola. Chegou   até a abusar das firulas em alguns lances. Ora, passava com facilidade. Ora era   parado pelo adversário. Aos 43, veio o lampejo do craque. O camisa 11 recebeu na   esquerda, driblou Dirceu e partiu em direção ao gol. Leandro Camilo, de   carrinho, tentou desarmar o astro santista e acabou cometendo pênalti. Elano   cobrou bem, de pé direito, no canto esquerdo alto de Marcelo Pitol, que acertou   o lado, mas não conseguiu alcançar. Foi o oitavo gol do meia em oito jogos   disputados. É o artilheiro do estadual. 
                
             Bota   Raul 
              
           O São Bernardo voltou melhor para o segundo tempo. Marcando forte, atraindo o   Santos e se lançando em contra-ataques rápidos. A entrada do atacante Raul, cujo   nome era gritado pela barulhenta torcida do Bernô desde o intervalo, deu   velocidade à equipe do ABC. O Peixe voltou a ser burocrático. Muitos toques de   lado, sem aprofundar jogadas, sem inspiração. 
           Acostumada a ver a equipe atacando sempre e marcando muitos gols, a torcida   santista desistiu de apoiar. O que era canto se transformou num murmúrio   preocupado,  que logo virou vaia quando Adilson Batista tirou Zé Eduardo para   colocar Maikon Leite. Os alvinegros queriam a presença de três atacantes. Para   azar do treinador, no lance seguinte, aos 23, o São Bernardo empatou a partida.   Júnior Xuxa acertou ótimo passe para Raul, que entrou por trás da zaga santista,   driblou Rafael e só empurrou para o gol vazio. A virada só não saiu aos 28   porque Júnior Xuxa desperdiçou passe num contra-ataque com quatro jogadores do   ABC contra três santistas. 
           Neymar se desdobrava. Tentava jogar por todos, mas exagerava. Aos 33, ele deu   um pisão desnecessário no goleiro Pitol e deveria ter sido expulso, mas o   árbitro deixou em branco. A partir daí,   o goleiro passou a valorizar toda dividida com Neymar. 
           - Tentei esfriar o jogo - admitiu o goleiro na saída de campo. 
           Bem mais tranquilo, o São Bernardo passou a controlar o jogo, segurando os   santistas, que, nervosos, erravam passes simples. Até o experiente Elano, que   não está acostumado a desperdiçar a posse de bola, passou a errar. 
           Ao fim, um resultado indigesto só poderia resultar em muitas vaias. Adilson   Batista foi eleito vilão e já foi jogado na frigideira pela torcida santista. A   receita para sair dela é conhecida: vencer. 
                
             Próximos   jogos 
           O Santos volta a campo quarta-feira, às 21h50m (horário de Brasília), na Vila   Belmiro, para enfrentar o Cerro Porteño-PAR, pela Taça Libertadores. Pelo   estadual, o Peixe joga sábado que vem, contra o Oeste, em Itápolis, às 21h. Já o   São Bernardo, também no sábado, às 20h30m, receberá o Mogi Mirim. 
           Fonte: Globo Esporte  |